aqui você aprende sem pagar

A Pessoa de Cristo

Matéria: Cristologia

Pastor Ozeias Guedes

9/18/2024

A Pessoa de Cristo: As Duas Naturezas de Jesus (Humana e Divina)

A doutrina da pessoa de Cristo é uma das mais importantes da teologia cristã, pois trata da identidade de Jesus como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Compreender as duas naturezas de Cristo – humana e divina – é fundamental para entender a obra de redenção realizada na cruz e a relação de Jesus com a humanidade e a divindade.

Neste artigo, vamos explorar em detalhes a doutrina das duas naturezas de Cristo, mostrando como Jesus é completamente divino e, ao mesmo tempo, completamente humano. Essa verdade é central para a fé cristã e tem sido defendida ao longo da história da Igreja.

A Natureza Humana de Cristo

A Bíblia ensina claramente que Jesus Cristo assumiu a natureza humana. Ele nasceu de uma mulher, cresceu, teve fome, sede, cansaço, emoções e, por fim, morreu na cruz. A humanidade de Jesus é essencial para a compreensão de Sua obra redentora. Vamos explorar alguns aspectos de Sua humanidade:

O Nascimento de Jesus

A natureza humana de Cristo é confirmada em Seu nascimento. Ele nasceu de Maria, uma mulher comum, em Belém. A Bíblia nos ensina que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, mas ainda assim, Ele nasceu de forma completamente humana. Isso pode ser visto em Lucas 2:7: “Ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o em panos e o colocou numa manjedoura”.

Esse nascimento, embora milagroso, foi um nascimento humano. Jesus experimentou a vida humana desde o início, passando pela infância, adolescência e idade adulta.

Jesus Teve Fome e Sede

Ao longo de Seu ministério, Jesus experimentou muitas das limitações da vida humana. Ele sentiu fome (Mateus 4:2) e sede (João 19:28). Esses versículos mostram que Jesus não era apenas uma aparição divina, mas alguém que realmente experimentava as necessidades físicas.

Jesus Sentiu Emoções

Outro aspecto importante da humanidade de Cristo é que Ele experimentou emoções. O exemplo mais claro disso está em João 11:35, onde Jesus chorou pela morte de Seu amigo Lázaro. Ele também sentiu compaixão (Mateus 9:36), tristeza (Mateus 26:38) e até mesmo ira (Marcos 3:5). Isso prova que Jesus, como ser humano, era emocionalmente sensível e vivia as emoções que todos nós vivenciamos.

Jesus Sofreu e Morreu

A humanidade de Cristo se manifesta de maneira mais profunda em Seu sofrimento e morte. Isaías 53:3 profetiza sobre o Messias como “homem de dores e experimentado no sofrimento”. Jesus foi torturado, humilhado e finalmente crucificado. Sua morte foi real e física, mostrando que Ele experimentou a morte de uma maneira completamente humana.

Como lemos em Filipenses 2:8, “E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Sem a humanidade de Cristo, a obra de redenção não poderia ter sido completa, pois Ele precisava morrer como representante da humanidade para pagar pelos nossos pecados.

A Natureza Divina de Cristo

Se, por um lado, a humanidade de Cristo é evidente nas Escrituras, Sua divindade é igualmente clara e essencial. Jesus não era apenas um homem extraordinário ou um profeta poderoso; Ele é Deus encarnado. A Bíblia revela que Jesus possuía todos os atributos da divindade e que, mesmo em Sua encarnação, Ele nunca deixou de ser completamente Deus.

Jesus é Chamado de Deus

Um dos elementos mais claros que mostram a divindade de Cristo é o fato de que Ele é diretamente chamado de Deus. Em João 1:1, lemos: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Esse versículo afirma que Jesus, o Verbo, é eterno e divino.

Outro exemplo está em Tito 2:13, onde Paulo se refere a Jesus como “nosso grande Deus e Salvador, Cristo Jesus”. Esses e muitos outros versículos mostram que o Novo Testamento reconhece a divindade de Cristo sem qualquer ambiguidade.

Jesus Tem Poder Divino

Ao longo de Seu ministério, Jesus demonstrou Seu poder divino de várias maneiras. Ele realizou milagres que só poderiam ser feitos por Deus, como acalmar tempestades (Marcos 4:39), andar sobre as águas (Mateus 14:25), ressuscitar os mortos (João 11:43) e perdoar pecados (Marcos 2:5-7).

O poder de perdoar pecados é particularmente significativo, pois, como os fariseus observaram corretamente, somente Deus pode perdoar pecados. Quando Jesus perdoou os pecados do paralítico, Ele estava afirmando Sua autoridade divina.

Jesus Aceitou Adoração

Outro sinal claro da divindade de Cristo é o fato de que Ele aceitou adoração. Em várias ocasiões, pessoas adoraram a Jesus, e Ele nunca as repreendeu por isso. Em Mateus 14:33, os discípulos O adoraram depois que Ele andou sobre as águas, dizendo: “Verdadeiramente és o Filho de Deus”. Jesus aceitou essa adoração, o que seria inapropriado se Ele não fosse verdadeiramente Deus.

Além disso, em Apocalipse 5:12-14, vemos toda a criação adorando o Cordeiro, que é Cristo. Essa adoração confirma a divindade de Jesus e Sua igualdade com o Pai.

Jesus é Eterno

Outra característica divina de Cristo é Sua eternidade. Jesus não teve início em Belém; Ele existiu desde a eternidade. Em João 8:58, Jesus disse: “Antes que Abraão existisse, Eu sou”. Esse “Eu sou” é uma referência direta ao nome de Deus revelado a Moisés em Êxodo 3:14, mostrando que Jesus é o eterno e autoexistente Deus.

A União das Duas Naturezas: O Mistério da Encarnação

O maior mistério da teologia cristã é como essas duas naturezas, a humana e a divina, coexistem na pessoa de Jesus Cristo. Este mistério é conhecido como a união hipostática. Jesus não é meio homem e meio Deus, nem alterna entre ser Deus e ser homem. Ele é completamente Deus e completamente homem ao mesmo tempo.

A Igreja defendeu essa verdade em diversos concílios ao longo da história, mais notavelmente no Concílio de Calcedônia em 451 d.C. Lá, os líderes cristãos afirmaram que Jesus é “um só e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, reconhecido em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação”.

Essa união perfeita das duas naturezas é essencial para a obra de Cristo como Mediador entre Deus e os homens. Como homem, Ele pode representar a humanidade e morrer pelos nossos pecados. Como Deus, Sua morte tem valor infinito, suficiente para redimir toda a humanidade.

Versículos Chave Sobre as Duas Naturezas de Cristo

Aqui estão alguns versículos bíblicos que reforçam a verdade sobre as duas naturezas de Cristo:

  • Humanidade: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade" (João 1:14).

  • Divindade: "Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Colossenses 2:9).

  • União das duas naturezas: "Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus" (1 Timóteo 2:5).

Conclusão

A doutrina das duas naturezas de Cristo – Sua plena humanidade e plena divindade – é fundamental para o cristianismo. Sem ela, a obra redentora de Cristo não seria possível. Jesus, sendo plenamente homem, identificou-se com a nossa condição e morreu em nosso lugar. Ao mesmo tempo, sendo plenamente Deus, Ele revelou o Pai de maneira perfeita e ofereceu um sacrifício eterno pelos nossos pecados.

Entender a união dessas duas naturezas nos ajuda a apreciar a profundidade da obra de Cristo e nos convida a adorar Aquele que é verdadeiramente o Deus-homem. Ao ensinarmos e refletirmos sobre essa doutrina, devemos lembrar que ela é central para a fé cristã e para nossa compreensão de quem Jesus é e o que Ele fez por nós.